quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Panamericano e a crise do SBT

SBT pode estar entre as garantias para salvar Banco Panamericano



Depois de Gianechini, este foi o outro assunto do dia.

Não pelo problema do PanAmericano, isto, aliás, precisa e deve ser investigado.

Mas, sim, no efeito direto que isto traz ao SBT: o agravamento da crise que a emissora vem vivendo há quase 10 anos.

Os problemas do SBT com o caixa começou por volta de 2002 em meio a todas as batalhas jurídicas sobre a "Casa dos Artistas", da qual o canal perdeu a ação e entrou em acordo com a Endemol tempos depois. Esses processos, no entanto, afetaram a arrecadação do SBT. Somado a isso, os vários projetos criados naquele ano não deram certo e foram tremendos prejuízos para a emissora. Em 2003, afim de evitar uma crise maior, Silvio resolve encerrar vários projetos, demitir vários profissionais de valor (que foram parar na Record) e a investir em pessoal e projetos mais baratos. Além, claro, de enlatados. Foi uma solução paliativa, funcionou apenas para manter o equilíbrio mas não para sair do prejuízo. Somado a isso, os problemas enfrentados com o ibope ajudaram a afundar aos poucos o que ainda não tinha sido resolvido. Em 2006, depois de 25 anos, o canal consegue respirar um pouco, mas, no entanto, perderia seu principal atrativo: a tão alardeada vice-liderança. Em fevereiro de 2007, ela passou para as mãos da Record e, no lado do SBT, iniciou-se um movimento que destinava-se a recuperar a vice. Para isso, o SBT, já em prejuízo, investiu em programas que não foram sucesso no ibope e nem atingiram o alto faturamento esperado. Como resultado, tudo o que fora arrecadado serviu apenas para manter o balanço das contas. Em 2008, a crise no ibope afetou em cheio e Silvio resolve comprar Pantanal para melhorar as coisas. Funcionou, apenas naquele momento. Logo depois, ficou claro que algo alí dentro estava errado. Em 2009, logo após a contratação de Gugu pela Record, Silvio investiu pesado para tirar gente da Record e, ao mesmo tempo, conseguir novos anunciantes. O pessoal veio com salários acima da realidade mas com resultados praticamente pífios se comparados com as projeções esperadas. Ano passado, o SBT fechou o ano com mais perdas em audiência e no prejuizo financeiro. Este ano, soubemos que havia algo errado quando o SBT cancelou vários projetos e deu início a reprises de novelas no período da tarde para tentar lucrar alguma coisa. Até agora, no entanto, servindo apenas para manter a emissora funcionando.

Mas, o que a crise no PanAmericano tem a ver com o SBT?

Bom, historicamente, o SBT nunca foi uma empresa que se sustentou sozinha. Sempre teve um grande aporte (seja ele direto seja ele publicidade) do Grupo Silvio Santos por trás para complementar ou até mesmo cobrir o que os anunciantes não conseguiam fazer. Em boa parte de sua história, o SBT sempre operou no vermelho, como diz o próprio site oficial da emissora. Mas, de uma forma ou de outra, conseguia levar com a barriga. Só que agora a situação é bem diferente e envolve a maior empresa do grupo. E, por coincidência, a que mais tem anúncios e sustenta a emissora: o banco PanAmericano.

O empréstimo dado pelo Fundo Garantidor é relativamente alto. Mesmo que o Grupo tenha capacidade e saúde financeira para tal, a operação é bastante arriscada. A garantia de pagamento dada foi o patrimônio do Grupo - incluindo, entre eles, o SBT - que consta de várias empresas deficitárias. Como os balanços foram fraudados, não sabia-se da real situação do banco - e o que dirá da própria emissora.

O problema maior, no entanto, é o Grupo Silvio Santos pagar esta dívida. Afinal, as empresas precisam continuar funcionando e faturando e é deste faturamento que virá o dinheiro para pagar esta dívida. O problema, logo, afeta o SBT diretamente. A emissora atravessa uma crise que, somada a mais esta, vai ter uma resistência do mercado.

Vários sbtistas diziam que estávamos exagerando. Hoje, vemos que não era exagero.

Agora fica a pergunta: com o SBT em crise e mais esta crise com o PanAmericano, como fica o futuro da emissora? Atualmente, está incerto.

Em uma eventual falência do banco, o patrimônio do grupo foi dado como garantia e, logo, será usado para pagar a dívida. Incluindo aí o próprio SBT.

Sinceramente, é um problemão que envolve muito mais que dinheiro.

E pode não terminar de um jeito agradável.

Situações passadas já demonstram o possível final desta.

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